E a saga Strauss está quase a chegar ao fim... pelo menos aqui. Com este ficam a faltar quatro. Josef Gregor, literato vienense, foi o libretista proposto por Zweig a Richard Strauss, quando o primeiro começou a ver as coisas mal paradas na Alemanha pelo facto de ser judeu. Strauss não lhe deu importância no início (já tinha vivido sob censura no tempo de Guilherme II) mas quando a Gestapo foi a sua casa devido à famosa carta que tinha enviado a Zweig sobre o desprezo que votava à actual situação política alemã e quando a sua nora (que era judia) e os seus netos (meio-judeus) foram ameaçados, Strauss percebeu que o nazismo em nada tinha a ver com os tempos do Kaiser e que Zweig tinha razão no seu alarme. Aceitou por isso e contrafeito os préstimos do devoto e chato Gregor (mas incontestávelmente ariano) que avançou com algumas propostas anteriormente delineadas por Zweig, para trabalhar. Strauss escolheu dois projectos baseados na antiguidade clássica, entre eles o tema bucólico de Daphne (uma paixão antiga sua para um tema de opereta que Hofmannsthal nunca patrocinou) e um outro pacifista sobre o final da guerra dos 30 anos. Os textos de Gregor pouco inspiraram Strauss que os considerava académicos e declamatórios, com personagens que não tinham "glóbulos vermlhos" no sangue. Mas duas óperas nasceram; Daphne e Friedenstag (Dia de Paz) ambas inauguradas em 1938. Tal como os textos não cativaram Strauss também as óperas não cativaram o público embora Gregor exultasse com o "sucesso" obtido. Strauss começou à procura de outros conselhos para libretos. No seu outro projecto "grego" sobre os amores de Júpiter por Danae, levou os textos de Gregor ao maestro e recente adição ao seu círculo íntimo, Clemens Krauss, que os revia. O pobre Gregor óbviamente sofria com o facto, mas trabalhar com Strauss foi o pico da sua obscura carreira. Por fim, na última ópera de Strauss, "Capriccio" os textos foram da autoria completa de Krauss. Die Liebe der Danae e Capriccio, as duas últimas óperas de Strauss, são duas obras primas que testemunham a tardia recuperação criativa de Richard Strauss aos 80; o início do seu "indian summer".
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