15.7.06

Amigos de Strauss (XXXV) - Clemens Krauss

Clemens Krauss foi o substituto que foi oferecido a Strauss após a indisponibilidade "por razões políticas" de Fritz Busch à frente da ópera de Dresden onde Arabella estrearia em 1933. Krauss, admirador e seguidor de Nikisch é visto como um maestro que obteve proeminência à custa de ocupar lugares vagos de colegas seus que se incompatiblizaram ou fugiram do nazismo. Na verdade, Krauss era já maestro regular em Salzburgo desde 1926 (foi aí que conduziu o Wozzeck de Alban Berg) e desde 1930 era director musical da Orquestra Filarmónica de Viena (sucedeu a Furtwängler). Estava longe, por isso, de ser um maestro de segunda categoria, mas ter aceite o cargo de dirigente da ópera estatal de Berlim após a resignação de Erich Kleiber e ter abandonado Viena não lhe terá custado muito, visto ser amigo pessoal de Goering e Hitler. Pouco depois tornou-se intendente da ópera de Munique graças à saída de Hans Knappertsbusch. Casou-se com Viorica Ursuleac e esta cantora acompanhou-o desde aí frequentemente nos seus projectos. Krauss e Ursuleac iniciam assim em 1933 a primeira das suas colaborações com Strauss de quem se tornaram amigos próximos. Estreou para além de Arabella, Friedenstag (1938), e Die Liebe der Danae, tanto no ensaio geral de 1944 como na primeira verdadeira estreia em público, após a morte do compositor em 1952. Clemens Krauss foi uma ajuda preciosa a Strauss privado de libretistas de qualidade após a fuga de Zweig; foi revendo e criticando os exercícios academicistas de Josef Gregor (o libretista que Zweig tinha apontado a Strauss e que a este não satisfazia e muito menos inspirava) e por fim foi o libretista da última obra-prima de Strauss; Capriccio, que estreou em 1942. Clemens Krauss foi julgado pelos tribunais de desnazificação e não pode aparecer em público até 1947. Como atenuante da conduta de Krauss constou a sua ajuda frequente à fuga de músicos judeus, mas da fama de oportunista nunca se livrou. A desculpa foi a mesma de sempre; manter a qualidade dos standards artísticos da música alemã. Em 1947, após a proibição, voltou ao grand tour das orquestras. Para além da Orquestra Filarmónica de Viena para onde voltou, conduziu em Convent Garden, no Mexico e em Bayreuth. Morreu em 1953 durante uma visita à Cidade do México e ali está sepultado.

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