24.11.08

A Exposição em Novembro


Wie Schön und Gross war Babylon. Letra de Georg Kaiser e música se Kurt Weill - Der Silbersee. Com a altura de 3.60m era o maior quadro da exposição. Continuo a achar o meu melhor, mesmo que confuso.

25.10.08

Le Pillage des Cosaques


Foram algumas das pequenas telas que completei no último mês antes da exposição, telas essas baseadas em alguns desenhos anteriores.

24.10.08

The Oktober Rush...


Acabar tudo para a exposição de 6 de Novembro na Galeria Graça Brandão. Este tríptico foi o último projecto de grandes dimensões a ser acabado. Não chegou a ser exposto apenas porque embirrámos com a forma dos lábios da senhora do painel direito. Nada a dizer sobre os polvos.

24.9.08

From the Outermost Skerries (Alfvén)


Foi um Setembro terrível. A partir de sete. Acabei neste mês esta e outras pinturas.

23.9.08

I Liebe Dich


C'est la vie cherie... (2007)

26.8.08

Morte Carabineira


Foi dos primeiros quadros pequenos para a exposição de Novembro a estar terminado.

24.8.08

O que fiz em agosto...


O assassinato de um ministro bósnio.

31.7.08

Esboço para Épico



Esboço para épico. Leu bem.

Óleo de Pancreas de Bacalhau



Mais uma daquelas belas cabeças que só pensa em queijo a serra e proteínas vegetais. O óleo escorre do fígado do bacalhau. Tudo isto passa-se na ilha dos ursos.

A Grande Farra



Feita por este saudável senhor bacante que corre alegremente pelos campos com uma instrumentista de uma qualquer orquestra sinfónica da Ática depois de explodir com um monumento nacional. Bum!!!

S. & A.


Dois compinchas que fazem um número de ventriloquia.

Trucídedes



Este grande senhor do submundo infernal da Grécia está amuado porque quer mais coisas na sua gruta.

Atelier em Finais de Julho



Em plena realização de um grandessíssimo formato. (3.60m de altura)

16.6.08

MUMTAZ, ultima semana.




Mumtaz expõe na R. do Alecrim. Objectos inclassificáveis. Há na Rua do Alecrim, 39, nesta semana que é a última, um conjunto surpreendente de poesias/objectos que me fizeram quando as vi, lembrar de qulquer coisa que se perdeu na actualidade da arte em Portugal. Uma informalidade transgressiva, uma candura desinibida e desarmante aplicada com suficiente rigor técnico para convencer. O surreal psicadélico volta a atacar.

8.6.08

Meaninglessness



João Pombeiro expõe na Galeria Paulo Amaro por estes dias. Publico o texto da exposição (a visitar).

As indústrias do século auto-analisam-se no desenvolvimento do processo moderno. A relação especular que as produções possuem consigo próprias tornaram-se uma prática recorrente utilizando as mais diversas tácticas e estratégias que, por uma frequente utilização de produções e ciências ou tecnologias exteriores podem, recorrendo a uma arqueologia do instituído, polemizando a história, questionando o sujeito e as estruturas do discurso, as relações de produção, as condições de existência do fenómeno, estabelecer discursos críticos que no entanto vão sendo naturalmente absorvidos pela sistemática produtiva num processo perverso de pré-esvaziamento do reduto potencial da revolta. A industria da arte não foi a excepção e as longas gestas conceptuais do século, enquanto constituindo uma prática seminal ou meramente um exercitar lúdico das suas ferramentas, acabam no seio de um todo que inclui a prática artística mas também a produção pedagógica, crítica e espectacular, por se submeter quase sempre a um destino próprio e sólido de produção fetichista essencial para a formação das relações de poder.
O objecto da minha atenção terá sempre a ver com as origens e os mitos fundadores deste poder soberano. A crítica participa secretamente como cúmplice na construção do mito e deixa de ser actualidade para agir apenas como gesto esvaziado em simulação ou jogo. Neste tabuleiro onde João Pombeiro nos joga nunca é confessado inequivocamente um motivo para a mise-en-scène do crime de lesa-majestade à auto-produção da industria da arte que nos propõe. Talvez lhe subjaza uma verdadeira nostalgia tingida de idealismo na relação do estético com a vida, ou uma pulsão revolucionária frustrada na realpolitik (apenas levemente aparente em “Revolution Grant”) e talvez seja o jogo a que se entrega fruto da perda, o rosário de um melancólico.
Naturalmente a sinceridade, o objecto secreto da expressão “Real Deal” na única imagem da exposição é a primeira vítima mortal nesse mesmo jogo onde o primeiro passo é a constatação evidente da veracidade atribuída à declaração de que toda a arte é mercadoria. Esta imagem que nos lançou o enigma constitui-se como horizonte a partir do qual potencialmente podem libertar-se todas as farsas, labirintos, caprichos, ex-machina e os trompe l’oeil aplicados à vulgata literária da sociologia artística. O jogo atinge apenas a sua morte na regularidade visual da fonte tipográfica escolhida. Oculto o motivo, fica-nos a metodologia ou técnica e aí os recursos são amplos.
A crítica do “mundo da arte” ( "Artworld" ) reduzida a uma forma vazia e inefectiva joga-se entre a aparência de actualidade e o declaradamente fútil (How to Paint). A reforçar este jogo vem a própria inclusão ambivalente do “eu” ("Bored") nos enunciados; um “eu” que se percebe como biográfico e concreto justaposto a um “eu” como simples elemento de estrutura sintáctica. Na sequência desta estratégia de casa de espelhos (que fica bem aliás a um apaixonado por Hitchcock) e apesar da presença permanente nos trabalhos do “texto sobre arte e artistas”, todo o trabalho vai tendendo naturalmente para uma libertação em relação a este referencial aproximando-se então os seus objecto e método dos da poesia visual e concreta. No momento presente do qual a actual exposição é testemunho, as duas tendências contraditórias; por um lado a importância do referente crítico -entre a sinceridade e o slapstick verbal ("Big thing")- e do outro o jogo livre sobre linguagem (Allergy in the gallery), coexistem numa tensão permanente assumida pelo autor.
Ah! Fui eu que escrevi.

31.5.08

O Grande Timoneiro...



...Ilumina o mar inteiro. Un bocado q.b. à Daumier. O último dos pequenos formatos de Maio.

São Rosas Senhor



Remake de heliobabalu (ver os posts de Agosto deste ano) mas com mais densidade em menor espaço.

Outro Negro



Foi o Inverno que assim o quis. A pintura que estava por baixo antes de todas as outras que vieram a seguir devia datar ainda da ESBAL. Arrastou-se comigo durante mais de uma década e meia. A pintura é bastante pequena.

Uma Espécie de Auto



A fotografia está péssima. Como o anterior mede 40 por 30 cm. Foi começado também em Agosto.

30.5.08

Enjoadita Colegial



Outra pintura pequena, começada em Agosto de 2007 e só terminada por estes dias.

O Homem de Gelo


Andava este senhor a passear-se à frente do Kronborg e congelou. Comovente.

29.5.08

Hollander!



Muito pequena. Talvez 15 cm de altura.

Atelier em Finais de Maio



Corresponde a imagem a uma série de desenhos a óleo sobre papel. Perceber até que ponto é que se consegue esquiçar com a linhaça.

28.5.08

Épico Hípico



É isso, um cartão de preparação para uma pintura maiorzinha. Uma espécie de Bagration mesclado de Zhukov em Borodino a ser atacado pelas pombinhas segunto a teoria das cores de Goethe, after Turner.

23.5.08

Novo evento no Oporto


Alexandre Estrela escreveu:

On Saturday the 24th of May, Oporto is once again delighted to present afilm:"SONIC OUTLAWS" by Craig Baldwin16mm transfer to DVD NTSC, 87min, 1995.

Craig Baldwin (1952) is an American experimental filmmaker. He uses foundfootage and images from the mass media to undermine and transform thetraditional documentary. He also manages Other Cinema (www.othercinema.com),a micro-cinema in San Francisco, and a DVD label with the same name.
In 1991, Negativland sampled an audiotape of Casey Kasem mixed with samples from a U2 song. In a highly publicized case, U2's label, Island Records, charged Negativland with copyright and trademark infringement for appropriating the letter U and the number 2, even though U2 had in turnborrowed its name from the Central Intelligence Agency spy plane. Sonic Outlaws, is a fragmented, gleefully anarchic documentary approach tothe Negativland / U2 incident, expanding upon the ideas behind Negativland's guerrilla recording tactics. "Here is your chance for an obnoxious and appropriate response to corporate music greed. "Mark Hosler from Negativland, will kindly introduce the film.
the entrance of Oporto is made through the exit stairs of Noobai café -Miradouro de Santa Catarina- Lisboa
C'est tout. Não vou poder estar devido a um casório.

10.5.08

Para Quem Dizia que Deixei de Pintar




... deixei foi de blogar neste sitio durante algum tempo. A razão desta "paragem" é também a criação de dois novos blogues um com desenhos e o outro com fotografias de atelier. Nestas imagens pode-se ver dois estádios recentes da grande barricada. Está quase acabado. Mede 2.33 por 3.77 metros. Um épico.

17.4.08

A Dorit era bem Gira


Cartaz para o concerto deste fim de semana por João Maio Pinto. Tudo bons cartazes.

9.4.08

Bruno Aleixo the Great by Pombeiro & Co.




Para saber mais sobre os autores clique aqui

28.3.08

E não ganharam - Mais do mesmo





"o júri deliberou conceder o prémio EDP novos artistas 2007 a André Romão, justificando a sua escolha pelo equilíbrio entre o aspecto formal e narrativo do trabalho apresentado e pela capacidade de enfrentar e utilizar o espaço de um modo franco e generoso, abrindo-se ao espectador e aceitando e provocando a sua relação com a obra. estas qualidades anunciam a capacidade de desenvolvimento do trabalho futuro do artista, objectivo fundamental deste prémio (...) [André Romão] trabalha sobre o próprio meio e modo de fazer a arte construindo narrativas e reflexões a partir da exploração do desenho, da instalação ou da projecção de imagens-vídeo ou fotográficas que nos colocam numa evidente dimensão de melancolia."
As pizz têm uma legião de apoiantes. No meio de conversas, após a inauguração da edição deste ano dos prémios discutia-se entre alguns de nós (e eu era um dos piores) sobre o que revelaria a decisão da entrega do prémio este ano pela meia dúzia de seleccionados. Acreditei que o prémio seria das quatro raparigas; não foi e é pena.
Uma das recenções críticas que durante a investigação para a minha tese de mestrado li, referia-se a Corbusier e às suas opções para a contrução de um verdadeiro museu (utópico) para a arte moderna, como enfermadas por um "higienismo" misógeno acentuado, misógenia aliás que poderia ser apontada também como uma das pulsões secretas do projecto moderno. A minha questão com o "arquitecto" suiço não pretende, neste lugar, defender determinada posição perante a modernidade poética mas apenas sublinhar-lhe um cluster de aspectos; a limpeza, a higiene e o senso de conformidade que tiveram nesse período uma entrada física dissimulada no universo da produção estética.
Proponho que se reveja rápidamente, mas mesmo a passos largos, aqui, a industria cultural no século XX à luz destas questões. Se o surrealismo e certas tendências performânticas mais radicais que lhe sucederam exploraram o corpo, a podridão, os excrementos e a obscenidadede um modo claro e directo, nos EUA talvez como reacção a incontrolabilidade de Pollock desenvolve-se a gesta minimalista; "gesta" rigorosamente heroica. Objectos grandes, obscenamente grandes e limpos. Alguns (algumas) argumentariam "fálicos", ostentações de masculinidade autocomplacente, auto-voieurista. Escrevo isto exactamente para fazer um discurso de sentido contrário ao que fácilmente se faz em torno da raça ou do sexo quando o texto se encontra perante outra cor de pele, lingua, religião ou mulher. Não pretendo escrever aqui um líbelo "gender" porque se é eviente que o sexo do artista é sempre fundamental como agente de um acto de enunciação, exactamente por ser sempre fundamental, torna-se redundante e enfadonha a contínua encenação de debates em torno deste tipo de diferenças. As pizz são quatro mulheres tanto como podiam ser também dois casalinhos hetero ou 56 bombeiros de Almada; para além do tema "mulher" não ser de todo o objecto do projecto "casa", para aquilo que me interessa neste texto esta temática é irrelevante. É por outro lado a relação com a superfície, a expressão de trabalho, de esforço, a dispersão caótica, a tremenda e (para alguns) obscena ostentação de virtuosismo, que não é apanágio de nenhum sexo em particular, que me interessam objectivamente e por isso voltemos ao adjectivo limpo; limpinho; a brilhar de tal modo que se possa lamber e ao minimalismo; uma das consequências grandes do minimalismo foi a revolução que se operou na retórica expositiva de Arte. Como se sabe, este movimento artístico contemporânea da Jesus-land está na origem do white cube como ideal de espaço de exposição mas também na adjectivação pejorativa de slick art a certas e talvez já demasiadas manifestações limpinhas, bonitinhas, quietinhas e bem comportadinhas de arte contemporânea.
A máquina que faz "plim!" dos Monty Python (O Sentido da Vida) é uma genial estocada na retórica do gadget contemporâneo, retórica essa ministrada a colheres de sopa cheia pela instituição industrial da cultura contemporânea (adiante designada por IICC) sub-departamento muito activo e fundamental ao grande projecto civilizacional global protestante e capitalista. E avanço; a arqueologia Foucaultiana establece como o momento determinante na repressão dos instintos sexuais e o início da repressão e mecanização do controlo sobre o corpo e sobre a vida/morte, o desenvolvimento da primeira revolução industrial e do espírito capitalista intimamente ligada como se sabe desde Weber, ao espírito do protestantismo. Esta repressão consciente e inconscientemente organiza a ordenação do tempo e espaço para as manifestações, irrupções seminais e excrementais do individuo social.
A arte contemporânea como se viu, vê e em Portugal vai continuar a ver-se, está cheia de retórica e gadgets que fazem "plim!". Não é grave. Também a indústria pictórica holandesa do século XVII estava pejada de exemplos enfadonhos. O que me incomoda aqui e agora é a permanência do higienismo nos julgamentos e decisões sobre produção e encenação de poéticas. Obras acéticas para textos acéticos, textos acéticos que subjazem a expressões acéticas. Porque irrita? porque não me sinto em casa e porque nada disto se relaciona com o mundo. Para quem visitou a central do freixo onde estiveram alojados os prémios será fácil desenvolver no imaginário segundas partes deste texto. Faltaria falar do que tem sido a expressão institucional de arte contemporânea em Portugal; da "magia" operada pelo André Romão nos espíritos mais ascetas e monásticos; das muitas virtudes mas também das fragilidades do projecto "casa" das Pizz Buin; das questões sobre o que subjaz à auto-referencialidade da arte; dos pecadilhos e sucessos das curadorias de projectos de arte & etc; da melancolia. Fica para depois.

1.3.08

Oporto Apresenta: The Black Tower


Alexander Star wrote:

"Saturday, March 1st 10.30 pm - Oporto is delighted to present the film "The Black Tower" by John Smith - 1987, 24',color , 16mm transfered to DVD.
John Smith is an accomplished experimental filmmaker, his pieces are gems of British witty thought. "The Black Tower" is a brilliant narrative of an enigmatic tower that follows the narrator everywhere he goes. "An unique voyage into haunted architecture" - entrance through Noobai café - Miradouro de Santa Catarina- Lisboa - Portugal"
Eu vou para lá dentro de 1/2 hora.

A propósito? Como se diz rebocador em inglês? Tug ou Tower? Tow é rebocar não é?

27.2.08

Isabel Carvalho







Para além da Abissologia da dupla Gusmão & Paiva, foi este um dos melhores momentos deste mês em Lisboa. Gozo absoluto. Aparentemente contra uma virtuose inquestionável e um estilo pessoal inconfundível a Isabel ataca as raízes do próprio trabalho com um nonsense temático que caóticamente parece incidir sobre alguns momentos de história da arte e da enciclopédia. Os meios técnicos são paupérrimos e esferoviteiros, os gestos falsamente incertos. Fez-me pensar nas inúmeras tentativas de retomar o dadaísmo que se vão assistindo por aí e por ali. No caso da Isabel, também possuída pelo desejo de subversão à flor da pele a coisa resulta amplamente porque inteligentemente o ataque começa por incidir sobre ela própria, as suas convenções e convicções no meio de uma comédia agreste. O título da exposição, Bitting the Hand that Feeds You, lê-se neste ponto de vista de modo muito mais estrito e cativante do que se poderia de início pensar perante o ataque anti-comercial, anti-cultura e anti-burguês evidente, mas que estaria condenado a falhar exactamente por ser lançado no meio de uma galeria (a Quadrado Azul).

23.2.08

31-1-2 na Rua das Flores, 55.




Foi no início do mês. Aproveitaram um espaço vazio uma semana antes de se tornar uma sapataria ou um anco e vai daí a abrir fruta. No dia 31 foi o Fernando Mesquita com uns papeis, umas canetas e umas instruções; a 1 de Fevereiro foi o Canoilas e o João Martins (A kills B) a despejarem sobre si próprios latas de 20 litros de amarelo e castanho. "É uma coisa que já foi feita milhares de vezes mas que ninguém viu realmente" (JM) - pronto. Já vi. No terceiro dia (na imagem) foi dado um concerto de homenagem a Sara & André (Variações e Fuga sobre o nome S-A-R-A-&-A-N-D-R-É?) onde no meio se entendia a citação da musica da famigerada série "Fame". A polícia chegou meia hora depois. 8 horas da noite e já havia gente a protestar com o barulho.

12.2.08

Excesso Policial no Grémio Lisbonense







Eu estive lá e não levei por acaso. O que adiante se transcreve vi, aconteceu e foi parcialmente noticiado. As imagens são minhas e correspondem à parte final do happening.

O que aconteceu no Grémio Lisbonense e depois.

O grémio recebeu ontem
(foi na sexta) uma ordem de despejo.

A partir de meio da tarde (cerca das 16h) começaram a juntar-se mais pessoas à porta. Passada uma hora eram cerca de 50 sócios e amigos e alguns jornalistas e fotógrafos (Lusa, jornal Público, Jornal de Notícias, etc). Às 19h eram mais de 100 pessoas de todas as idades.

Dois polícias à porta permanentemente. Os sócios eram impedidos de entrar, tirando alguns membros da direcção e aqueles que tinham de tirar de lá alguns objectos. Uma carrinha de mudanças foi sendo carregada com alguns haveres que não pertencem ao Grémio (instrumentos, coisas do bar, etc). No entanto todo o espólio do Grémio ficou lá. Uma cadeira de barbeiro saíu e houve assobios dos presentes. A cadeira não é propriedade da Associação, mas foi vista por alguns dos presentes como um símbolo deste despejo precipitado. Alguns dos proprietários estiveram no local. Cumpria-se a ordem do tribunal. Fez-se um inventário dos bens.

Cerca das 19h as pessoas que se juntaram para defender o espaço começaram a discutir o que fazer, a questionar a legalidade do despejo e a necessidade de o fazer, uma vez que estava já marcada uma reunião na Câmara Municipal de Lisboa para quarta-feira próxima, com a presença da direcção do Grémio e dos proprietários para negociar uma solução que permitisse a continuidade das actividades culturais da Associação, a preservação do edifício histórico. Houve várias ideias para não permitir o despejo, informar a comunicação social, fazer pressão para que o Grémio não fosse despejado. Fez-se uma assembleia improvisada no átrio da entrada, no rés do chão. Houve esclarecimentos de um membro da direcção que reafirmou a possibilidade de se encontrar uma solução. Um membro do gabinete da câmara do vereador José Sá Fernandes também falou da negociação de quarta-feira, explicando as diligências que podem ser feitas na Câmara.

A advogada do Grémio esteve presente no local, falou muito brevemente da possibilidade de uma negociação e anunciou uma conferência de imprensa pelas 19h30 no seu escritório, longe dali.
Os presentes não saíram do local. Continuaram a discutir. Alguns sócios queriam entrar no Grémio. Discutiu-se a possibilidade de reunir lá dentro e decidir com calma o que fazer. Numa segunda assembleia improvisada, de novo no átrio de entrada, enquanto se preparavam acções de sensibilização e protesto até à quarta-feira seguinte, levantaram-se várias vozes que defenderam que se subisse ao primeiro andar. Muitos subiram. Um polícia pergunta "o que é que fazem aqui?" e começa a empurrar e agredir os primeiros a subir a escada. As pessoas não desmobilizam. Protestam contra a violência despropositada da polícia.

Cinco polícias estão lá em cima. Cassetetes na mão. Os ânimos aquecem. Algumas pessoas apelam à calma. Um membro da direcção apela à calma e volta a reafirmar a possibilidade de se suspender o despejo e arranjar uma solução para o Grémio continuar vivo, que passasse simplesmente por uma actualização da renda. Algumas pessoas pedem identificação da polícia por lhes terem batido.

Grita-se: " O Grémio é nosso!", "Lisboa a quem a vive" e palavras contra a repressão policial. Chegam reforços policiais (mais um dez polícias) que tentam abrir caminho à força pelas escadas para chegar ao primeiro andar. Todos as pessoas se sentam no chão, dificultando a passagem da polícia. A polícia não está com meias medidas, começa a bater indiscriminadamente em todos, criando o caos. Várias pessoas magoadas e esmagadas. Fotógrafos e jornalistas agredidos. Ouvem-se gritos. As pessoas protegem-se, defendem-se como podem. A polícia bate com cassetetes, empurra e pontapeia. Varre à pancada a escada. As pessoas saem do edifício para a rua. Há cabeças partidas
(Têtes Cassé), e muitos queixam-se de terem sido agredidos. Pelo menos um jornalista e um dos que estavam na escada pacificamente ficam no átrio de entrada (rés-do chão).

Depois de alguns diálogos infrutíferos entre a polícia e as pessoas que ali se encontravam, os polícias fazem um cordão cá em baixo, já na rua e começam a dizer às pessoas para circular. Várias viaturas da polícia estão estacionadas no Rossio, junto ao Grémio. As pessoas protestam contra a violência policial. Concentram-se ainda durante algum tempo à frente do Arco do Bandeira (o arco debaixo do Grémio).

(a parte seguinte não testemunhei, óbviamente, porque é sempre feita à surra)



... e depois:
As imagens da TVnet mostram imobilizado no chão um rapaz. Este rapaz, que nunca agrediu nenhum polícia e apelou repetidamente à calma, foi detido e levado para a esquadra.

Na esquadra foi fechado numa sala, foi espancado violentamente (com socos, com uma cadeira, etc), foi ameaçado e torturado durante horas por um dos polícias que estava na operação, um polícia da esquadra da Estefânia de uma posição hierárquica superior. O rapaz violentado pôde telefonar a chamar advogados e amigos que, depois de finalmente sair da esquadra (cerca das 3 da manhã, seis horas depois de ser levado para a ), o levaram ao hospital. Tem várias lesões no corpo e na cabeça.

Conclusão. Umas bestinhas muito grandes mas que dão uns belos modelos para uns trabalhos que estou aqui a pensar. Esta quarta manifestem-se para variar a rotina, á frente da Câmara contra o estado da República e pela preservação do Grémio.

8.2.08

Trabalhos para o ARCO (9) Le Concert sur l'Herbe



Este é mais complexo. O estudo e a ideia já vinham de Berlim. Começou por ser um retrato do Britten com um outro tipo com uma trompa e um cãozinho tipo Datsun e deu nisto; quatro Watteaus, um pterodáctilografo e um psico-killer. Mede 200 por 240.

Trabalhos para o ARCO (8) Guadalcanal


Querem títulos? Pensei em "Fossa das Marianas". Mede 30 por 24. Não tem nada a ver o sanque com violência doméstica. Eu até nem estava lá. Para dizer a verdade é tudo tinta.

Trabalhos para o ARCO (7) Wotan


Mede cerca de 50 por 40cm. Chama-se assim porque o acabei a ouvir o monólogo do segundo acto da Walküre e achei que tinha tudo a ver. Talvez queira isso dizer que Alberich é um dos peixes.