16.7.06

Amigos de Strauss (XXXVI) - Franz Schalk

Em 1919 Strauss abandona Berlim para se tornar director da ópera estatal de Viena. Aqui e durante os invernos começou a planear projectos artísticos do género que lhe tinha sido impossível realizar em Berlim. Por uma vez, o sentido práctico de Strauss falhou. Viena não foi uma tarefa fácil. O seu lugar era dividido com Franz Schalk (vienense nascido em 1863), que tinha sido chefe do staff nos tempos em que Mahler era director e que tinha sido o dirigente na estreia vienense do Rosenkavalier e na estreia completa de Ariadne. Dada a diferença de estatura entre os dois, tornou-se evidente desde o início, que a Strauss caberiam as grandes decisões e a Schalk o verdadeiro trabalho de organização, particularmente durante as grandes ausências de Richard Strauss, compondo e dirigindo frequentemente outras orquestras como era o caso da Staatskapelle de Dresden. Esta relação originou atritos entre os dois. Por outro lado o colapso da monarquia austríaca originou cortes orçamentais que Strauss não previra. De resto todo o ambiente europeu do pós guerra não era de molde a receber bem o espectáculo que foi montado com a Die Frau ohne Schatten. Schalk conduziu à frente de um elenco de luxo (Jeritza, Lehmann e Mayr), com cenários de Alfred Roller aquilo que acabou por constituiur apenas um meio sucesso, o que na verdade significou um fracasso, mediante a energia gasta por todos nesta criação. A ópera tinha demorado oito anos a conceber com frequentes depressões de Hofmannsthal e a guerra pelo meio. Schalk foi co-director com Strauss em Viena até 1924 e por fim director único até 1929. Para além da estreia de Die Frau ohne Schatten, a importância de Schalk para a história reside em dois factos: ter estreado a quinta sinfonia (1894) e sido o grande responsável pela popularização da música de Bruckner (que conseguiu mas graças a cortes e modificações que o compositor nunca autorizou) e ainda, juntamente com Max Reinhardt, Strauss e Hofmannsthal ter recuperado o festival de Salzburgo do esquecimento com a política de altíssima qualidade da sua programação."O mundo do teatro é um asilo de loucos, mas o mundo da ópera é onde se colocam os incuráveis" disse um dia Franz Schalk, cuja vida foi inseparável da ópera estatal de Viena. Morreu em 1931

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