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Karl Perron (1858-1928), baixo-barítono alemão fica na história quanto mais não seja por ter criado três papeis masculinos de três óperas fundamentais de Strauss; estreou o
Jonakaan em
Salome (1905), foi o primeiro Orestes (
Orest) de
Elektra (1909) e por fim o primeiro
Ochs do
Rosenkavalier (1911). Em 1881, vindo de Leipzig, tornou-se cantor da ópera de Dresden que desde essa data tornou-se o centro da sua vida profissional. Viajou pela Europa onde conquistou auditório atrás de auditório não apenas com papeis de ópera mas também como cantor de
Lied. Conseguia cobrir duas oitavas a partir da tessitura de
basso profondo com uma técnica impressionante. Dotado de uma capacidade dramática notável foi chamado por Cosima a Bayreuth na década de oitenta. Os seus
Amfortas,
König Marke e particularmente o seu
Wotan, influenciaram as gerações posteriores de cantores do festival. Strauss admirava-o. Se as suas qualidades se aplicavam perfeitamente às estilizadas personagens de
Orestes e
Jonakaan tal não acontecia, porém, com
Ochs onde a venalidade comum impera e onde é necessária uma boa dose de comediante. Strauss sabia-o e tentou primeiro contratar o baixo Richard Mayr da ópera de Viena. As suas preocupações ficaram expressas na correspondencia com Hofmannsthal, o libretista;
"In case you and Reinhardt [refering to Max Reinhardt the producer] do not succeed in grooming Perron for the part, I give you full powers of veto to cancel the premiere with Perron on the 26th. . . . [Perron] is such a first-class artist that he will understand and share our misgivings." Porém mesmo o facto de o seu
Ochs dramáticamente ter sido o elo fraco dessa estreia, a mesma foi um sucesso estrondoso.
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