21.6.06

Amigos de Strauss (XV) - O Kaiser

Também não eram própriamente amigos. Quando rebentou o escândalo Salomé, Guilherme II tolerou a ópera porque tinha anteriormente sugerido a Strauss a composição de uma ópera sobre Herodes. A Alemanha desde Bismarck até às vésperas da primeira grande guerra viveu uma grande prosperidade económica, que só foi restringida com a febre de Guilherme em consruir uma Kaiserlischesmarine comarável à Royal Navy. Apesar da prosperidade económica a liberdade cultural não era grande. Guilherme exerceu durante os primeiros anos do seu reinado, depois do corte com Bismarck, uma ditadura personificada na sua pessoa, sem a figura de um chanceler suficientemente forte que moderasse as suas posições. A vida cultural da Alemanha não era de molde ao desenvolvimento do modernismo com a liberdade que o caracterizou em Paris ou em Viena. Paradoxalmente este periodo corresponde à época da musica mais "revolucionária" de Strauss. Mais tarde com Hitler, Strauss enganou-se ao pensar que a arte poderia sobreviver com a mesma facilidade com que apesar de tudo tinha fluído sob o reinado de Guilherme. Se interiormente na Alemanha do Kaiser nem tudo eram espinhos, no exterior as coisas eram muito piores. As desastrosas acções diplomáticas do Kaiser (embora ele pessoalmente não o quisesse) acabaram, como se sabe, por ser um dos principais rastilhos para a guerra.

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