18.12.07

Kassel (11) Luis Jacob




Varios dos autores apresentados nesta Documenta representaram-se com dois ou três trabalhos. O peruano-canadiano e gay Luis Jacob (1970) é uma das mais típicas opções deste projecto e pode constituir um lugar de reflexão sobre a desilusão geral provocada em muitos pela Documenta XII. O trabalho de Jacob por si próprio tem algum interesse, particularmente o Album III datado de 2004. Consiste em recortes de revistas fortemente diversos associados forlalmente entre si e montados em 159 páginas. A sucessão destas cria efectivamente um discurso muito semelhante a exercícios que realizámos no primeiro ano da ESBAL numa cadeira que se chamava "comunicação visual". Não quero ser mauzinho aqui; As associações de Jacob são naturalmente mais atentas mas o texto do catálogo de Allan Antliff (especialista em anarquismo e arte) excede-se em interpretações como esta: "Album III evokes the open structures of an anarchist (Jacob é activista) social system which by its very nature will evolve organically in accord with the desires and needs of its participants" - é de ir ao vómito. Poderia-se fazer esta leitura ou um elogio à pedagogia do Design de Andrea Branzi ou outra história qualquer. São fotografias justapostas pelas suas características formais em sucessão. Apenas isso. O segundo trabalho, feito para esta Documenta revela outra faceta de Jacob interessante para os curadores. A transdisciplinaridade multimédia de quem veio da dança. A Dance for Those of Us Whose Hearts have turned to Ice, Based on the Choreography of Françoise Sullivan and the Sculpture of Barbara Hepworth. Titulo muito comprido mas um trabalho escolar fraquinho, confuso e totalmente desinteressante. O impagável Antliff encerra o texto da seguinte forma; "Hepworth encapsulated anarchism's social organicism (será que é a mesma Barbara Hepworth?) on a metaphorical level, as form; Sullivan enacted it, as performance. Jacob conceptualizes these high modernist (percebe-se também aqui o tema da Documenta) expressions of liberation by highlighting qualities of prefiguration and embodiment - the dual moments of affirmation. In this way, his project contributes to the anarchic realisation of freedom as a living experience." Nada mais vago, mas a obcessão de Antliff com as raizes anárquicas de Jacob é bem patente. O trabalho esse, em si está longe de ser um inspirador de liberdade. É excessivamente mau para conseguir algo que se assemelhe. Anything Goes!

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