A guerra rebentou com a composição de Die Liebe der Danae a meio. Quando a ópera foi acabada em 1940 tornou-se evidente que este espectáculo de luxo barroco estava desfasado com a época em que se vivia. Os colaboradores de Strauss, após a saída de Zweig foram Josef Gregor, libretista mediano (foi o autor de Daphne) com quem o compositor manteve relações muito tensas e Clemens Krauss, chefe de orquestra e que seria o colaborador da sua última obra-prima operática Capriccio sobre as relações em pleno século XVIII entre, justamente, poetas e compositores ou seja, ente a palavra e a música. Graças às boas graças de Krauss com as autoridades, nomeadamente com Goebbels, uma performance foi realizada em 1942 em Munique, num festival dedicado à sua obra. Die Liebe der Danae era prevista ser estreada em 1944 no octagésimo aniversário do compositor. O estado da Alemanha nesse ano não o permitiu. Os Nazis tornavam a vida difícil ao casal Strauss em Garmisch particularmente pelas observações públicas pouco amistosas de Pauline sobre o regime. A perseguição à nora e aos netos meio judeus do compositor era também uma ameaça constante. Baldur von Schirach, gauleiter de Viena, convidou Richard Strauss para aí ficar desde que não houvesse mais escandalos. O seu objectivo era manter de algum modo os níveis culturais da capital austríaca. Em 1943 Viena era bombardeada por seu turno e os Strauss voltavam a Garmisch. Pela primeira vez os desastres da guerra tocavam o compositor pessoalmente. Em 2 de Outubro o Nationaltheater de Munique foi destruido num raid aéreo. Quando os Nazis requisitaram a sua villa de Garmisch para fazer de Hospital para convalescentes, recusou dizendo que por ele a guerra nunca teria começado e nenhuma vida se teria perdido. A fúria de Hitler foi grande e só a intervenção de Hans Frank, fez com que as medidas não fossem para além da ocupação forçada dos anexos e a proibição do contacto dos Strauss com as autoridades. Com o golpe final da destruição das óperas de Viena e Dresden o desgosto levou-o a escrever Metamorphosen, uma elegia para 23 instrumentos de corda. Na imagem que tranferi de uma famosa fotografia mostro Dresden arrasada em 1945 nos polémicos bombardeamentos. Nunca se saberão quantas pessoas morreram (para cima de 135.000?) visto, para além dos seus habitantes registados a cidade estar cheia de um número indeterminado de refugiados que desapareceram na tempestade de fogo que a consumiu.
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