6.1.07

Hamburguer (1) Do Tamanho das Coisas



Uma das coisas irritantes na "fábrica" de arte contemporänea é a relacao dinämica e exponencial entre os crescentes espacos existentes nos seus museus e o gigantismo das produ(ss)öes de alguns autores. Sinto que em alguns casos o agigantamento das producöes em nada melhora a qualidade da experiencia na recep(ss)äo das mesmas. Ao visitar a exposi(ss)äo permanente depois de passar pela sec(ss)äo consagrada ao Rauschenberg entrei numa sala Cy Twombly. Ao fundo, como no altar de uma capela, um monumental trabalho recente, um tríptico da mesma brancura irritante das paredes, com a mesma rarefac(ss)äo expressiva (isto podia seruma vantagem qualitativa mas näo é) que se encontra em trabalhos tardios do Tapiés ou do Baselitz e que acaba mesmo por refor(ss)ar as rugas originadas da dificuldade de esticar de uma tela täo grande. A qualidade pictórica está patente, pelo contrário em Twombly, nos relativamente "pequenos" (2 metros e tal) trabalhos logo ali ao lado, nas "capelas laterais" e que datam dos anos 60.
Mais à frente numa sala ainda mais assemelhada ao interior de uma igreja deparamo-nos com um monumental retrato de Mao (7 metros de altura?) do nao menos icónico Warhol. A questao do tamanho joga, desta vez, em favor deste trabalho. A dimensäo historica e a performatividade política da imagem do líder chines, fazem com que a representacäo de Warhol fa(ss)a sobretudo efeito em dimensöes épicas. Esta lengalenga toda, no fundo, serviu apenas para pontuar a minha aten(ss)äo sobre as qualidades sensíveis da escala de um acto poético, reflexäo posta em movimento quase sempre que visito os grandes armazens europeus da arte europeia. Quäo grande é o teu Serra, o teu Long ou o teu Kiefer e digo-te quanto vales.

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