Opening: Wednesday 17th March 2010 / 20 pm Exhibition: from March 17th to May 1st 2010
Garden Cities of To-morrow
Eighteen months after his first individual exhibition in Lisbon (at the Graça Brandão Gallery) Gonçalo Pena (born in Lisbon in 1967) is now presenting his works at the Fucares Gallery in Madrid with an exhibition entitled Garden Cities of To-Morrow. This topical name is taken from an early 20th century town planning manifesto by Ebenezer Howard, but its fragmentary nature offers the chance to explain the explicable in the world depicted by this painting. The way this title was superficially intuited reveals its deep realism.
At the same time, important emotional relationships are uncovered in the name and what this refers to: nature, industry as a metaphor, the cosmogonies, the garden and the boudoir. More than that; far beyond it - the title reveals the incessant flow between these perceptible elements, captured by the author’s voracious panphagic, half-insane appetite. The figuration and the elements comprising it function as a place - and doubly so as bait - for a journey. The apparent representativity of these elements fixes and draws your glance through the spaces that maintain them.
These paintings seemingly attempt to depict a particular narrative or other. The first problem for its interpreter is the absence of connection: one gets no further than recognising mythical elements and familiar symbols. Elements of syntax are missing; meaning is suspended as in an oral narration that frequently lacks sound. A strangeness emerges. It is in this strangeness, in the emptiness, the nothing, the insignificant, sensed by looks and gestures, that one finds the true vocative power of this work. Gardens and industry: the flavourless spaces into which relationships and movements are cast without object, to an anti-modern and melancholy pace, and in another, outlining the desire for revolutionary collusion - between Jean Meslier’s Testament and the psychedelic utopia of the Superstudio.
Formally, this emotional, existential investment has recently been approached from the scene-body principle. The painting "Eden Teatro" (2007) is the matrix on which the current exhibits are based. Eden Teatro refers to a famous building in the Lisbon Baixa district designed by modernist architect Cassiano Branco. This building’s name and history contain the same world that is presented in the paintings of Gonçalo Pena. "Everything that is solid dissolves in the air". The painting referred to depicts a monk building a house in a tree. The narrative is no more than a suggestion, or, in the opposite sense, a pretext for presenting world sensations. More important than anything; a great part of what is painted is always untranslatable. There beyond the topic, the form and the appearance - somewhere.
Inauguración: miércoles 17 de marzo de 2010 / 20h Exposición: del 17 de marzo al 1 de mayo de 2010
Garden Cities of To-morrow
Año y medio después de su primera exposición individual en Lisboa (Galeria Graça Brandão), Gonçalo Pena (Lisboa 1967) se presenta ahora en la Galería Fúcares de Madrid con una exposición de pinturas a la que ha titulado Garden Cities of To-Morrow. El nombre, tomado de un tratado de urbanismo de principios del siglo XX elaborado por Ebenezer Howard, es tópico, pero precisamente en su naturaleza de fragmento reside la posibilidad de explicar lo explicable del mundo que esta pintura presenta. La manera en que ha intuido superficialmente este título pone de manifiesto su profundo realismo.
Al mismo tiempo, se desvelan en dicho título y en lo que éste representa, relaciones afectivas importantes; la naturaleza, la industria como metáfora, las cosmogonías, el jardín y las alcobas. Pero va mucho más allá; el título nos revela el flujo incesante entre estos elementos discernibles, captados por el apetito voraz omnívoro y casi trastornado del autor. La figuración y los elementos que la constituyen funcionan como lugar y motivo para un viaje. La aparente representatividad de estos elementos fija y promueve la búsqueda por los espacios que las sustentan.
En apariencia, estas pinturas pretenden representar varias narrativas. El primer problema con el que se encuentra su intérprete es la ausencia de nexo. Se reconocen elementos míticos, símbolos reconocibles, pero no se consigue avanzar más. Faltan elementos de sintaxis, el sentido queda suspenso como en una narración oral que carece con frecuencia de ritmo. La extrañeza emerge. Es en esta extrañeza, en los lugares vacíos, en la nada, en lo insignificante, intuido por las miradas y los gestos, donde se encuentra el verdadero poder evocador de este trabajo. Los jardines y la industria; - Los espacios son un lugar con sabor a nada, donde se vierten relaciones y movimientos sin propósito, en un sentido, melancólico y antimoderno, y en otro, esbozando un anhelo de lucha revolucionaria; -Entre el testamento de Jean Meslier y la utopía psicodélica de los Superstudio.
Formalmente, esta inversión afectiva, existencial se ha planteado recientemente a partir del precepto escena-cuerpo. La pintura “Edén-teatro” (2007) es la matriz de donde surgen los trabajos presentados en la exposición. Edén Teatro hace referencia a un famoso edificio de la parte baja lisboeta del arquitecto modernista Cassiano Branco. En el nombre y la historia de este edificio se contiene el mismo mundo que se presenta en las pinturas de Gonçalo Pena. “Todo lo que es sólido se disuelve en el aire”. Dicha pintura representa un monje construyendo una casa en un árbol. La narrativa no es más que una propuesta, y en sentido inverso un pretexto para presentar sensaciones del mundo. Lo más destacable es que gran parte de lo que se pinta es siempre intraducible. Más allá del tema, las formas y las apariencias, lugares.
O trabalho de Gonçalo Pena tem origem no fenómeno da pintura, desenvolvendo-se maioritariamente nesse suporte. O autor entende a representação visual e plástica, como uma actividade definidora do humano enquanto espécie. No entanto tal não se fez, durante todo o processo de desenvolvimento do seu trabalho, sem uma permanente crivagem crítica motivada pela suspeita da obsolescência técnica, e logo política, do pictórico.
O enquadramento histórico moderno encaixou, não sem violência e abuso, as leituras dos artefactos pictóricos numa linha paralela à evolução socio-económica, tecnológica, civilizacional, vista e dinamizada por poderosos catalisadores ideológicos como foi, a título de exemplo, o Marxismo. Perante a dispersão efectiva e actual de caminhos e visões sob a qual se formou, como produtor; perante a promessa de liberdade, geradora de possibilidades corpóreas e extra-linguísticas da pintura, encontrou-se, o autor enquanto pintor perante uma encruzilhada; Se por um lado a sua formação ideológica lhe forneceu academicamente todos os instrumentos conceptuais para criticar a magia, é por outro lado, iniciáticamente, que esses lugares obscuros se mantêm como portais e veredas incontornáveis para a exploração da matéria obscura, dos espaços vazios, dos monstros que o sono da razão faz emergir.
A verdade é que, nunca tanto, como no presente, a rarefacção formativa dos indivíduos e por consequência, do corpo social, destrói as fundações institutivas das várias ordens de discurso. As desordens sexuais, “mágicas”, passionais, à medida que são nomeadas, ordenadas, policiadas e eventualmente banidas, tornam-se na sua essencial irredutibilidade, pela via da perda de efectividade das teias ideológicas do dispositivo, ameaças ou veículos de potencial revolucionário, consoante o lado da barricada de onde se perspective este conflito surdo.
O universo pulsional, a natureza revoltada é para Gonçalo Pena o lugar absolutamente fundamental como origem, ou 'motum' poético, enquanto combate para a possibilidade de uma efectividade revolucionária da arte, hoje, agora. Este ponto de origem, o lugar perigoso de toda a ignição catastrófica gera múltiplas estratégias, as quais se constroem todas a partir de um afundamento do soma, da zoe, na vivência dolorosa de uma fractura essencial. Mas não nos esqueçamos que se vive um conflito permanente, conflito esse, que numa descrição apostasiada no mito, poderíamos afirmar originada na expulsão do éden, ou na violência social da normalização no indivíduo. Não é inocentemente que se evoca Rousseau aqui; o ápodo do romantismo é constantemente a tatuagem da ignomínia aplicada ao revolucionário, ao que descobre no universo passional a ameaça do fim e a possibilidade do início, a seiva do ritual de passagem.
Este lugar, que se oferece a uma evocação fora da história, é passível de ser explorado das mais diversas maneiras. Retirando-se a sua experimentação fora das narrativas oficiais ou simplesmente, do poder, descobre-se um universo de legibilidade pletórica, torrencial no seu modo de conectividade transgressora intratextual, extratextual. Os modos de dar à consciência o dom da experimentação de tal universo foram desde o início imediatamente marcados no tempo ou explanados no espaço. A pintura surge assim sempre fora de um tempo histórico como forma de fulgurar do mito à consciência. Entende-a no entanto, o autor, como uma fonte de experimentação nos dois sentidos, de quem a faz e de quem a vê. A pintura dá a ver. Mais; fenomenologicamente é o lugar singular do erotismo imediato na matéria. A pintura é também, por esse caminho, geradora de processos de vivência que no contexto de uma existência fracturada assume os contornos de luta. Da nossa experiência formativa (bildung) pelas imagens que herdámos, recuperamos agora, na era da instabilidade dos textos, invólucros, como corpos-grafemas, despojados agora da sua função significante, estrita aos quadros conceptuais pelo qual se erigiram em tempos como signos arquetípicos. Deste depósito com concorrências à prática do consumo transversal, fragmentário, casuístico, abrem-se estes signos à profanação, isolamento, reorganização e posterior reutilização, desta vez sujeitos a uma linguagem lutuosa ou revoltada, anti-poder.
A pintura pode constituir-se manejada, numa fonte permanente de retribuição, um manifesto possível do que foi banido ou subjugado. A consciência deste percurso convida à reformulação num quotidiano indigno do lugar denunciador que o fantasma opera na dramaturgia clássica. A “exigência de reparação”. A própria natureza frágil e espectral constitui-se como a expressão exacta do desafio face às formas de dominação espectacular. Retenhamos então a ideia de uma pintura como fonte de expressão que re-opera em efígie, simbolicamente, os fragmentos dessa unidade perdida de um Éden.
Da maturação deste trabalho desenvolvem-se possibilidades transmutadas por outros suportes possíveis, filme, instalação, marcações de tempo, formas de dispersão ou concentração. Os elementos representados serão sempre estas figurações de relação arquetípica recuperadas desse depósito comum, repensadas, reconfiguradas, recombinadas de modo a trazer à consciência mais uma vez o outro das formas sociais em permanente processo de negação. Para tornar isto possível tem sido fundamental, a montagem de laboratórios intrínsecos à tradição pictórica e simulacral. Tais laboratórios têm lugar, no trabalho de Gonçalo Pena, fundamentalmente, em pintura. Os materiais são o espaço e as suas formas de representação, os elementos e a sua forma de ser e de povoar, habitar. Paralelamente e de modo insistente investiga lonjuras (arqueologia) ideológicas e ideográficas, símbolos, relações, formas de dominação, hierofanias, hierogamias, heterofagias. A pesquisa recobre o processo clássico da invenção da imagem, recorrendo a todas as estratégias passíveis de conduzir a uma efectividade pictural.
Como se depreende desta introdução, a pintura não é para o autor um fim em si, mas o modo mais directo de expressão e experiência de um programa de questionamento e retribuição. Por isso é natural o interesse que, exactamente dentro do mesmo programa “político” e sem quaisquer considerações de valor ou obsolescência, suscita o filme como lugar de narrativa induzida no instante (tableau-vivant) ou imagem-movimento; a cenografia e o seu eco fotográfico. No lugar oposto à realização poética realiza-se a manipulação permanente do espólio comum do imaginário.
As part of the OPW’s ethos of bringing art, in all its forms and guises, from around the world to Ireland, Farmleigh is currently exhibiting a group exhibition called “Now let me introduce you…” by a quartet of current Portuguese artists. The exhibition is produced in a joint venture between Farmleigh Gallery and the Portuguese gallery Graça Brandão Porto/Lisboa.Gonçalo Pena, João Galrão, Miguel Soares and Rui Horta Pereira are four artists currently at the cutting edge of Portuguese art and each of them has forged a reputation internationally. Each works with different media but curator Paulo Reis has chosen carefully and there is a curiously complementary feel to the exhibition which is not always found in group shows.“The artists selected by myself represent a variety of media such as painting, sculpture, drawing, photography and video,” he says. “They are well known in the artistic scene amongst their generation and have each experienced an international career, either at group shows and solo exhibitions. “For me, the project shows a contemporary Portugal through its thematic variety, conceptual and stylistic modern practices. “Although there are significant differences between them – either in the media or in their practices and intentions – the works of these fours artists nevertheless share certain romantic ideals of an interpretation of the story of humanity, because the artist is, after all, the one who invents what nobody asked to invent.”The retro-futuristic work of Miguel Soares derives from the manipulation of the real by the use of digital software. The archaeological future, the present reshaped, the manipulated reality, the altered perceptions of the universe of this artist is the reckoning of what Pierre Lévy will call memory sharing, of perception, of imagination, resulting in a apprenticeship and trade of knowledge between groups. It is Eliot’s time present and time past and represents an intermingling of history and destination.In his world of absurd sensations, painter Gonçalo Pena similarly combines the past and the present. He composes heroic scenes, epic, absurd and almost surreal, drawing from numerous influences but creating a world uniquely his own. There is an almost Dali-esque symbolism about his work as well as more than a nod of the head to the neo-expressionism of Salomé and Kippenberg in his creations.João Galrão is a sculptor who de-constructs to construct. The original shape is de-composed and then bursts forth in organic forms. His wood structures covered with canvas conjugate the historic influence of Arte Povera, many of the pieces of Giulio Paulini and the new British sculpture of Tony Cragg.Rui Horta Pereira drawings resemble the Lilliputian fantastic universe and could be pulled out of the illustrations for a Lewis Carroll book. Perception and illusion intermingle and the natural sits comfortably with the artificial in an interpretation of Goethe’s famous dictum on nature.“Now let me introduce you…” curated by Brazilian art critic and director of Dardo magazine Paulo Reis runs at Farmleigh Gallery until October 19th.Admission during normal Farmleigh opening hours is free. (fonte)
The Evil Dark Grenadier lost in his thoughts finds upon great torment the phantom of his fallen captain. With a silent grinning the rotten flea gets near to the killing.
Mais uma bordalada. O centro de mesa consiste num peixe-burro, uma ninfo-crocodilo e a lula. tudo se passa no interior da Caldeira da Serreta. O espeleólogo descobre o velho Trabizan perdido e à mercê das poderosas mandibulas de Cuca (sim, a do Sítio). O salvamento foi célere e fatal. Cuca ficou à míngua e Trabizan voltou para a mamã.
De pequena dimensão. Ariadne sacrificada é descoberta por Perseu que a salva da gigantesca maria-café (na imagem). A pobre palmípede é amiga de Ariadne, pese embora o seu horrendo aspecto e para o provar oferece-lhe o seu lavagante, um marisco. Perseu nunca perdoou a Ariadne este pecadilho e abandona-a sem mais em Naxos.
O Arco das Tulherias, rufado de archotes. A Garde Nationale intervém para autuar todo e qualquer inimaginável meliante. A revolução sufoca-se na quantidade seca de efeitos atmosféricos.
Vignette Romântica. Algures à beira de um canal do Holstein um soldado dinamarquês retornado da guerra com a Prússia encontra o espectro da noiva que deixou para trás. A voragem da guerra vem quase sempre acompanhada de peste.
O fugitivo a fugir, foge dos guardas da penitenciaria de Caxias. O lago é o maior de monsanto, aquele cheio de lodo, peixes vermelhos de globos oculares inchados e cágados, muitos cágados.
Um Jacobino é apitado por um ovariano qualquer. Um transalpino, turista em estrita observância esconde-se por de trás de um adiamento do golpe. É a luta pela supremacia do "vós".
Um amigo do meu pai insistia frequentemente para eu fazer uma coisa qualquer sobre a lenda de D. Fuas no penedo da Nazaré. Irritam-me as "ilustrações excessivamente à figura do texto" mas como tinha este cartão iniciado há quase três anos e detesto deixar as coisas inacabadas resolvi terminar a ideia. Não está famosa.
Formigny, Crecy... uma cena com a soldadesca dos cem anos a massacrar um cavaleiro das dos trinta com um complexo, género "Stonehenge", ao fundo. Faz frio e já é outono. voltamos aos cartões.
Este foi feito numa tampa de embalagem de sushi maior. O que me atrai neste formato são os cantos redondos. E ao fundo é um poço de petróleo a arder no Iraque.
Os operários colocam os patrões em bombardas. Ao disparar os patrões aos bocados, as mulheres e as filhas, com fome, recolhem os restos para o jantar. Um esboço de ultra-realismo. Inventei o estilo agora mesmo. É uma espécie de neo-realismo histérico.
Fenómeno estranho. O último comentário é a ilustração do que pintei em 2002. Será uma tendencia inconsciente de associar a fotografia à decapitação? pde estar associado isto a umas fotografias que hà muitos anos fora-me mostradas pelo Diogpo Saldanha. Era uma particularmente que me fascinou (pelo horror). Uma daquelas execuções estilo oriental de grande cimitarra e um tremento esquicho de sangue projectado em frente. Que trauma!
La pálida y recoleta galería manchega se apunta un buen tanto trayendo por primera vez a España a uno de los artistas más prometedores del momento en Portugal: Gonçalo Pena (Lisboa, 1967), com acreditada carrera como comunicador, profesor de Arte e ilustrador en diários y revistas lusas. Ésta de Fúcares es la segunda exposición individual de pinturas de este artista, con estúdio en Lisboa y Berlín, trás una primera en Oporto la pasada primavera. En ella, Pena nos descubre uma pintura muy colorista, casi fauvista, sin grandes contrastes de luminosidades y rescribiendo en ella una vez más un realismo muy personal, que parte de la pintura historicista para retorcela y yuxtaponerla en sus tradiciones. Son obras figurativas, muy vistosas –en toda la inmensidad del termino-, en las que abundan los collages, rebosantes de elementos críticos e irónicos, de ambientes mágicos y surrealistas, en los que inevitablemente emerge su impronta de ilustrador. Piezas que se recrean en representaciones ambientadas en la Naturaleza, com relecturas de la tradición naturalista italiana y de la escuela romântica inglesa.
Alfonso Castro
(A pintura não esteve na exposição mas é da época)