




Para além da Abissologia da dupla Gusmão & Paiva, foi este um dos melhores momentos deste mês em Lisboa. Gozo absoluto. Aparentemente contra uma virtuose inquestionável e um estilo pessoal inconfundível a Isabel ataca as raízes do próprio trabalho com um nonsense temático que caóticamente parece incidir sobre alguns momentos de história da arte e da enciclopédia. Os meios técnicos são paupérrimos e esferoviteiros, os gestos falsamente incertos. Fez-me pensar nas inúmeras tentativas de retomar o dadaísmo que se vão assistindo por aí e por ali. No caso da Isabel, também possuída pelo desejo de subversão à flor da pele a coisa resulta amplamente porque inteligentemente o ataque começa por incidir sobre ela própria, as suas convenções e convicções no meio de uma comédia agreste. O título da exposição, Bitting the Hand that Feeds You, lê-se neste ponto de vista de modo muito mais estrito e cativante do que se poderia de início pensar perante o ataque anti-comercial, anti-cultura e anti-burguês evidente, mas que estaria condenado a falhar exactamente por ser lançado no meio de uma galeria (a Quadrado Azul).
Sem comentários:
Enviar um comentário