3.9.06

Interact



"Interact - Kunst und Freie Kooperation" é o nome deste evento para o qual fui convidado, logo eu, grande adepto de cooperar assim sem mais nem menos, sem discutir muito bem as letrinhas pequenas e todas essas coisas. Aliás, como toda a gente sabe, a pintura é um dos veículos poéticos mais colectivistas e mass-mediáticos da história, por isso senti-me em casa. Confesso; fui colocado perante um dilema. Naturalmente este tipo de projecto levar-me-ia a trabalhar sobre outro suporte que não a pintura. Talvez vídeo, um processo de documentação fotográfica sobre colónias balneares bávaras, sei lá. Por outro lado queria concentrar-me na pintura. Depois de andar a deambular com ideias mais ligadas à fotografia decidi num projecto que já estava a delinear sobre schrebergarten.
O que é isso, afinal, de schlebelagarter ou lá o que isso é, perguntam vocês. Eu respondo.
Ao que parece é um fenómeno teutónico (mas que também existe na Holanda) de plantar nas orlas das cidades uns verdadeiros suburbios ajardinados, organizados em lotes de terrenos onde cada família Schreber (nome caricatural de um certo tipo burgês domingueiro como Biedermaier também o era) arranja um pequeno paraíso ou heterotopia de anões, moinhos em miniatura, cães de porcelana meissen, fontanários rocaille e uma minúscula gartenhaus de madeira. Sobre o conjunto de cores garridas flutua orgulhos, em cada um destes jardins, a bandeira alemã ou do clube de futebol. Uma coisa bóníta!
Abri um bar-atelier no rés-do-chão, que funcionava da seguinte maneira; propus, em troca de uma garrafa de cerveja (deram-me um orçamento de 250 euros), que quem quisesse (em livre cooperação, ou exploração, ou ainda em livre indução ao vício) pintasse a ideia de um objecto para colocar na pintura do jardim. À medida que as cervejas foram sendo bebidas, mais por uns poucos do que por outros muitos, o meu "schrebergarten" foi-se enchendo de tralha. Pronto. ontem foi a inauguração. Pode-se ver na imagem a pintura resultante, o molho de papel pintado pelos nativos e as grades de cervejas vazias.
A pintura resultou bem devido à minha decisão de criar préviamente uma estrutura unificadora e duas personagens dominantes. Obviamente, sempre que precisava de algo específico para defender o meu conceito ia também beber cerveja.

Ópois!

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